Um pacote de sumo de laranja
Hoje comecei o dia logo a queixar-me da vida, depois de uma frequência complicada. E confesso que, por alguns momentos o mau humor tomou conta de mim.
Quando ao fim da tarde regressava à faculdade, depois da gravação de um trabalho, mortinha por chegar a casa tomar banho e estender-me no sofá, reparei que havia alguém que se preparava para "estender a casa".
Ali, no meio da rua, uma manta esburacada, e uns cartões serviam de "tecto" a dois homens.
Ali, a uma rua de distância do parlamento...
Nada disto é novo, principalmente para quem estuda ao pé do Cais do Sodré, e vê todos os dias o significado da exclusão social.
Mas, hoje (e não sei porquê, já que fico chocada cada vez que vejo alguém deitado no chão ou num banco de jardim) senti-me, verdadeiramente mal.
Eram dois emigrantes, um de Leste e outro de África. Tinham numa mão algumas (poucas) moedas escuras e pequenas que lhes tinham sobrado da compra que fizeram - um pacote de sumo.
E esse pacote de sumo, fazia para eles uma enorme diferença! Para mim não era nada.
Fiquei parada a olhar, dei a única moeda que tinha comigo, pus os óculos de sol, cujo dinheiro que custaram lhes daria para muitas refeições, e segui caminho... Bem vestida, bem calçada, bem alimentada com destino a casa.
Este post não serve para dizer nada de especial, nem acrescentar nada à nossa realidade.
Mas pode servir, pelo menos, para refectirmos na nossa riqueza e perceber como o nosso pouco é para alguns tanto!
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home