O meu 25 de Abril
Nasci dez anos depois da Revolução, numa época de democracia, e como alguns dizem politicamente mais calma. Mas na minha casa nunca foi assim. Cresci a ouvir falar de política. Fiz muitos desenhos durante reuniões partidárias. Adormeci no colo dos meus pais a ouvir falar de esquerda e de direita, e do rumo do país, do desenvolvimento, do atraso... E do 25 de Abril.
Quando se falava no 25 de Abril, falava-se de luta, de resistência, de não desistir. Como se se tivesse medo que a não participação fosse, por algum momento, vista como derrota.
No espírito dos que me criaram estava sempre Abril.
A palavra não representa o que sinto, isso é mais forte!
Mas desde há 20 anos que faço este caminho.
Caminho pelo meio da multidão heterógena, coberta de cravos, a gritar palavras de ordem com uma força imensa como se lhes fossem voltar a tirar a voz.
Vou continuar a fazer o caminho.
Este dia é mais do que a celebração da data.
Para mim dá-me esperança, todos os anos, que é possível melhor.
E assim volto a adormecer, embalada pelos sonhos que me diziam quando em criança me embalavam.
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