A Fome
Na escola quando era miúda reparti muitas vezes o meu lanche com outros miúdos que não tinham. Mais crescida habituei-me a dar esmola (odeio esta palavra) a pedintes na rua, e a participar em obras de caridade (também odeio esta palavra).
Chegava sempre a casa ( e ainda chego) com o coração apertado. Era a minha mãe que me consolava em criança.
Tinha esperança, no meio da minha inocência de miúda, que a situação mudasse. Com a passagem para a fase adulta apercebi-me que não. As composições de escola primária, nas quais mostrava planos para erradicar a fome (enorme inocência de criança) ficaram para trás, e hoje quando as re-leio vejo como era mesmo criança...
Tenho visto nos últimos tempos esta situação piorar... Todos os dias... Vários tipos de pobreza invadem a minha vida rica, com um denominador comum - a fome.
Estou a habituada, ainda que inconformada, a ver a pobreza. Seja nos mendigos que contam os tostões para conseguir comer algo, seja nas famílas de desempregados que pagam a conta do supermecado a prestações...
No entanto ler o dossier que os jornalistas do público fizeram sobre a fome foi uma enorme provação. Não consegui ler tudo de uma vez, não evitei as lágrimas.
Escrever este post torna-se duro, ter de relembrar tudo o que li, e, tudo o que já vi.
Os números merecem uma reflexão sobre o caminho que levamos.
A fome está aqui ao lado!
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home