Camaradas
Foi no calor da juventude que ficámos grandes amigos. Tornámo-nos próximos durante os tempos da madrugada fria. Uma madrugada cruel e totalitária, que só a partlha de grandes ideais pode tornar mais quente.
Depois seguiu-se a guerra. À guerra sucedeu a luta. A luta por um país melhor, que ficou esquecido nas gavetas dos grandes generais.
Aconteceu então a separação. E passámos a ficar divididos por fronteiras. Eu tinha a ditadura, tu respiravas a liberdade.
E como sempre continuámos as nossas trocas. Como faziamos nos tempos de crianças. Eu mal conseguia respirar, e tu enviavas-me o ar livre que respiravas.
No fim da luta veio a vitória. Mas não a final. E foi depois da Revolução que revolucionámos as nossas vidas. Tornando-as um eterno Verão.
Um dia tu partiste. Assim.
Primeiro chorámos. Depois emprestámos ombros.
Ainda hoje a memória nos aproxima.
Mas faltas tu, camarada! E fazes tanta falta.
Este post é dedicado a P. e T.Z.
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