Estado de Espírito XXII
posted by Carolina
(...)
Tu perguntas se tudo assim se desvanece
Nesta pouca névoa de memórias;
Se na hora que entorpece ou no suspiro
do recife se cumprem todos os destinos.
Queria dizer-te que não, que se aproxima
a hora em que passarás para lá do tempo;
talvez só quem o quer seja infinito.
e isso tu poderás, quem sabe, mas eu não.
Penso que para os mais não haja salvação,
mas alguns subvertem todo o desígnio,
passam o umbral, encontram-se de novo quando querem.
Antes de renunciar queria indicar-te
este modo de fuga.
lábil como os agitados campos
do mar a espuma ou a ruga.
Dou-te também a minha avara esperança.
Para novos dias, cansado, não sei alimentá-la:
dou-a em penhor ao teu fado, p’ra que ela te salve.
Eugenio Montale
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