Evolução na continuidade?
Apesar do que diz José Manuel Barroso, Pedro Santana Lopes e Paulo Portas, Portugal atravessa a maior crise política dos últimos anos.
O Presidente da Républica tem de tomar a mais difícil decisão política de todo o seu mandato, talvez ironicamente, em jeito de despedida.
No entanto, a situação parece ser simples de avaliar. Barroso perdeu as eleições europeias, já não aguenta mais suportar a coligação, sabe que a retoma não está a chegar e o que os próximos tempos continuarão de crise, resumidamente: não tem força para aguentar mais dois anos de mandato. Um mandato ao qual ele disse (várias vezes) que nunca fugiria por estar demasiado comprometido e empenhado com o país.
Assim, aproveitou a primeira (foi a mesmo a primeira) oportunidade para fugir. Guterres havia sido convidado para o mesmo cargo e havia negado. O Primeiro Ministro do Luxemburgo, vencedor nas últimas europeiras foi convidado, mas achou que partir para Bruxelas seria uma traição com o seu país.
A escolha de Barroso para um cargo não eleito democraticamente pelos cidadãos é simples. Cumpriu os requisitos: é de direita; facilmente manipulável; e fala bem várias línguas. Vantagens para Portugal? Só se for markting político. Mas, tudo bem já é pelo menos uma vantagem.
Barroso quer ir que vá. Não pode é deixar o país na embrulhada em que deixou. E não me refiro às políticas erradas que levaram o Portugal para o caminho que se vê, bem ou mal o governo tinha a legitimidade popular para tomar as medidas que tomou (moralidade, isso já é outra história que ficará para outro post).
Para além de ter tomado a decisão de fugir, Barroso tem feito declarações inaceitáveis. Como dizer nunca pensou que fosse causar uma crise política, que não entende a questão das eleições antecipadas. A solução seria simples, adoptava-se uma posição típica do regime ditarial anterior ao 25 de Abril, o Primeiro - Ministro saía, e em sua substituição um colégio restrito de «iluminados» escolhia um novo governante. Seria a evolução na continuidade, como foi com Salazar e Caetano.
A «batata quente» está agora nas maõs de Sampaio, em breve saberemos se Santana é um sapo que só o PSD terá de engolir, ou se será um sapo que todos os portugueses terão de engolir.
Qualquer decisão de Sampaio é viável de acordo com a Constituição (que continua, para mal de Paulo Portas, anti-fascista e anti-colonialista). Não adianta por isso vir dizer que isto ou aquilo será um golpe de estado. Sampaio terá de usar a subjectividade que o cargo lhe confere. Terá de tomar a decisão que nunca desejou fazer.
Espero que sinta a vontade generalizada dos portugueses de legitimar nas urnas o seu Primeiro Ministro.
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