Amor &Frio

De repente a chuva começou a bater em mim. Aperto o casaco leve que trazia vestido. Apanho o cabelo, para conseguir ver o caminho no meio de tanto vento. Seguro com força os livros e de cabeça baixa começo a correr para o metro.

Ia eu a resmungar com o tempo, e a por os pés nas poças todas, quando vi um casal na casa dos 80 anos de mão dada.

Caminhavam lentamente, como se a chuva lhes fosse indiferente, e davam as mãos com uma força incrível. Talvez por isso não precisassem de se esconder da chuva.
Antes de chegar às escadas rolantes, o senhor parou e deixou a mulher passar-lhe à frente. Ela ficou no degrau de baixo. Ele sacudiu-lhe os pingos de água da gabardine. Ela deu-lhe a mão ao sair das escadas. Ele repetiu o gesto no segundo lance de escadas.
Os dois voltaram a dar as mãos. Comunicavam entre eles, como se falassem uma língua estranha, que só os dois compreendiam.
Depois perderam-se no meio da multidão. Mas, não estavam sozinhos... tinham as mãos um do outro.

No metro a confusão não esmoreceu à passagem do amor.