Ela depois dele. Ele depois dela
Chegaram de braço dado. Ele subiu o pequeno degrau do restaurante. Parou. Deu-lhe a mão. Ela apoiou-se nele e subiu também.
Sentaram-se na mesa, um em frente ao outro. Ele puxou-lhe a cadeira. Ela deu-lhe os sacos de compras para guardar.
Ao lerem a ementa, ela avisava-o, com um ar ternurento, o que ele podia e não podia comer. Enquanto comiam conversavam. Olhavam-se com ar de quem tinha na memória a primeira sensação causada pelo outro.
Não resisti a ouvir-lhes a conversa. Tinham filhos, netos, e bisnetos a caminham. Partilhavam com eles os beijos e os abraços.
Um com o outro partilhavam as melhores memórias.
Fiquei por alguns minutos embevecida a olhá-los. No meio das compras e do consumo desenfreado, encontrei neles um silêncio tranquilo.
Um silêncio de quem um comunica sem falar. De quem um dia namorou no parapeito da janela.
É nestas alturas que nasce em mim uma esperança incrível. A de que anda por aí alguém que nos vai completar.
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