Nunca mais
Fez 60 anos esta quinta-feira, que os soldados soviéticos libertaram o campo de Auschwitz.
A esta distância do holocausto, muito mais que imagens, restam-nos os relatos dos que sobreviveram à solução final.
Aqueles que um dia foram despojados do ser, e transformados em número.
Simone Veil, antiga presidente do Parlamento Europeu, continua com o número 78651 no braço.
"Amadureci de repente. Sei agora que estamos todos em lista de espera para a morte. Sei que vou passar nas inspecções, com o medo na barriga, beliscando as bochechas para elas ficarem vermelhas e com melhor aspecto. E sei que os mais fracos vão ser enviados para as câmaras de gás"
Ida Grinspan, sobrevivente francesa, deportada para Auschwitz a 30 de Janeiro de 1944 quando tinha 14 anos.
Entre judeus, ciganos, homosexuais, e presos políticos, morreram 6 milhões de pessoas. Seres humanos tratados como raça inferiror.
Não há muito que se possa dizer. Quando depois de estudadas todas as teorias, se continua sem compreender o terceiro Reich.
O holocausto serve para se olhar para o futuro e dizer nunca mais. Mas, não é isso que têm acontecido. A criação da ONU, e um novo direito internacional contra a barbárie e o genocídio, não impediram situações idênticas. Como o Rwanda ou o Cambodja, por exemplo.
Quando eu era pequena, o meu avô (inspirado pela sua costela judia), contou-me como a Alemanha tinha perdido a guerra, e como os campos tinham sido libertados. Explicou-me como ninguém, a alegria partilhada, que todos sentiram com o fim da guerra.
O fim da guerra, leva ao ínicio de uma outra batalha. Pacífica. Pela memória dos que ficaram, e pela memória dos que sobreviveram.
Para que um dia se diga definitivamente: NUNCA MAIS!
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