Sobre os cartoons

Lembro-me de um dia, quando anadava na escola preparatória, terem organizado um colóquio sobre o valor da vida. Na altura fiquei chocada. Afinal, a direcção da escola era de esquerda e vivíamos no calor do referendo.
Um grupo de alunos, no qual eu me incluía, tentaram impedir a realização do colóquio. No meio dos protestos houve uma professora que me disse o seguinte: "Não podemos calar uma pessoa só porque não concordamos com ela. Não temos de a ouvir, mas deixar falar um sectário é a melhor maneira de nos distanciarmos dele. De mostrar a diferença."
O colóquio acabou por se realizar. Lembro que fizémos uns cartazes a favor do aborto, infelizmente acabaram por ter pouco impacto.

Posto isto:

1 - As caricaturas publicadas no jornal dinamarquês são de uma falta de gosto incrível.
Não concordo de maneira nenhuma com a mensagem que pretendem transmitir, nem acredito que o cartoonista não quissesse no minímo provocar a discussão. Mas há aqui uma questão fundamental: por muito falta de gosto que os cartoons tenham, têm o direito de ser publicados. A liberdade de imprensa é coisa da qual não prescindo!

2 - Há uma valor fundamental que nos distingue (ou pelo menos deve) dos fundamentalismos. Venham eles de onde vierem. Das sociedades islâmicas que pararam no tempo, ou dos supostos berços da democracia.