60 Anos
(Sim eu sei que foi ontem, mas só hoje tenho tempo para escrever)
Passaram 60 anos desde o dia em que as tropas aliadas desembaracaram na Normandia. Para libertar a França, derrotar a Alemanha e pôr fim ao Nazismo.
Muito se pode dizer acerca dos interesses que moviam os países aliados. A Rússia assinou um pacto não-agressão com a Alemanha Hitleraniana, e só elegeu o III Reich como inimigo quando este o quebrou. Os Estados Unidos só decidiram intervir quando foram atacados em Pearl Harbor. E a Inglaterra, e a própria França só reagiram à ameça da extrema-direita alemã quando a sentiram cada vez mais perto, na invasão da Polónia.
Passando à frente esse «detalhes de real politik», o Dia D representa um marco incontornável da nossa história.
E tem para mim um fascínio incrível. Imagino sempre filas de soldados a desembarcar de lanchas, prontos a travar a maior batalha de sempre. Prontos a dar a vida por uma causa, tornando-se imortais. Imagino uma voz forte e convicta a dar a notícia pela célebre BBC. Imagino a esperança que aquele dia representava para a Resistência.
É esta ilusão, um misto de heroísmo e Liberdade, a chegada-em-força-para-Libertar-a-Europa-e-derrotar-o-nazismo que eu gosto de ter no pensamento.
O momento incrível, em que se começou a desenhar uma nova vida para a velha Europa.
A verdade nua e crua faz-me pensar noutras coisas. Na arbitrariedade da vida humana, que faz com que por causa de qualquer coisa alguém viva e alguém morra. Nos jovens que perderam as suas vidas, heroicamente, mas que as perderam. E até na propria imagem da guerra: nos corpos estropiados que ficaram na areia, nos membros decepados, nos campos de concentração, nas câmaras de gás, ...
No meio de tudo isto, além da homenagem, há um exercício que temos de fazer. Dar o salto, dentro de nós mesmos, e encontrar experiências individuais que nos digam que esta guerra foi necessária.
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