Coisas de miúda

"E pra começar eu só vou gostar De quem gosta de mim" Caetano Veloso

quarta-feira, outubro 05, 2005

Continuo a pensar o mesmo

Texto publicado há um ano.

O meu trisavô

O meu trisavô, Matias pai da minha bisavó Inocência, mãe do meu avô Carlos, pai da minha mãe.O meu avô morreu ainda a minha mãe era uma criança de colo. A minha bisavó morreu um ano depois de eu nascer. E, apesar de não os ter conhecido (não me lembro da minha bisavó porque era bébé), a minha mãe sempre fez questão de me contar como eram. Por isso, são moradores constantes da minha memória, e falo deles como se as nossas vidas se tivessem cruzado.De todas as histórias, as minhas preferidas são as do meu trisavô. O trisavô era um acérrimo defensor da República, do Estado Laico e Igualitário. Membro da Maçonaria (naquela altura verdadeiramente secreta), participou em inúmeras conspirações e costumava, orgulhosamente, dar vivas à República em pleno Terreiro do Paço, ainda durante a monarquia. Dos 8 filhos que teve, o último chamava-se Afonso em homenagem ao amigo Afonso Costa.No prédio onde a família morava em Lisboa, vivia também o médico da corte, Mello Breyner, e o meu tio-bisavô mais novo aprendeu a dizer-lhe que se chamava Afonso Costa, ao que o monárquico tolerante, respondia: não Afonso és tu, Costa é o teu pai.A minha bisavó contava que era muito pequena quando viu pela primeira vez a bandeira republicana, mostrada pelo pai aos filhos.A influência republicana na minha família foi há muito implantada. É onde está a génese dos valores que sempre nos guiaram.Quando penso no meu trisavô vêm-me à memória duas imagens: uma é a primeira foto dele que eu vi, a outra é a Implantação da República.Hoje, 94 anos depois, tem a trineta a escrever sobre um dia muito desejado para ele, e orgulhosa por há quase um século ele ter estado do lado certo.

Continuo do mesmo lado. Os últimos acontecimentos na minha vida têm me feito reforçar isso.

1 Comments:

At 11:37 da tarde, Blogger kimikkal said...

:)

 

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