Coisas do regresso
(escrito no regresso num lenço de papel)
Em casa
Gosto sempre do cheiro da minha casa quando regresso duma viagem. Nos outros dias nunca lhe associo nenhum odor. Mas, no regresso, basta-me passar o portão principal para começar a senti-lo.
Faço sempre as mesmas coisas. Abro a porta à pressa, cheia de sacos com presentes que deixo logo na entrada. Atiro o casaco e a mala de mão para o chão e deito-me no sofá. Como se me apetecesse lá dormir. Leio os jornais e as revistas para ver o que mudou neste nosso pequenino mundo. Mato saudades dos longos noticiários portugueses, e da televisão falada na minha língua.
Na rua
Os primeiros dias são sempre estranhos. Já não estou habituada a que toda a gente me compreenda na rua. Às vezes vou para pedir o café e não o faço em português.
Mas, gosto de ritual. Partir e depois regressar. Com uma visão do mundo muito mais alargada, e sem medos das portas que entretanto se vão fechando.
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