A minha amiga brasileira, feita através desta janelinha
Esta é a Anabelle!:)
posted by Carolina
A Tribute to Ana Cristina César. (Em Cantagalo, 30/10/2002.)
As bocas pretas do rio
Indagam solenemente – quem há de vir para aplacar a minha ira?
- Quem há de?
Desde que surgi, nasço sem vida.
Outra vez, era magia que instruía a porca miséria.
Agora? Fim e só. Daí, e nó, e tez, e se fez diferença, já fez.
Não estou nem aí pra dissoluçãodosujeitomoderno
Quero que aquela minha tese vá plantar favas e colher capim gordura
Só não quero morrer pastando, porque tem outras mortes mais fashion por aí pra serem morridas.
Tenho medo de envelhecer sem ter filhos.
Fazer o quê, quando todos os homens que passaram pela minha vida disseram que eu lhes daria filhos e depois foi-se a ver e era um gosto a sal.
Quanto de meu sal.
Se a minha boca falasse agora, diria palavras absurdamente duras
Inteiramente incongruentes e polidamente catastróficas.
Mas ela (a boca) não fala: ficou entreaberta para todo o sempre, num halo de estar,
Num ato de querer-se fechada para não ter que bocar.
Se todo o mundo pudesse entender o que diz minha boca no espasmo solitário
No esgar prolongado deo profundis jaculatórias sem palmas sem almas que se rezem
Não pretendo amordaçar o destino, mas nem tudo o que pintar eu assino
Porque a busca tem sido feia e má, como feios e maus são os tons de que se colorem as interrogações dos meus cabelos
Queria ter filhos para dizer a eles que sentados não nasceriam
Sentada eu ficaria para esperar mais, por mais, por mais que me doessem os glúteos e as ausências aguardadas, os olhos apartados.
Escrita efusiva, deixaria para os meus filhos o presente de minha escritura
Gravada a fogo persa sobre os tapetes da memória
Mal ajambrada nas estantes com seus tantos pergaminhos sem leitores.
Queria que alguém lesse o que trago.
O que indago é justamente: quem há de? Quede meus leitores que me amarariam tanto e nunca se iriam de mim?
Crash.
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