Coisas de miúda

"E pra começar eu só vou gostar De quem gosta de mim" Caetano Veloso

domingo, janeiro 30, 2005

Nunca mais

Fez 60 anos esta quinta-feira, que os soldados soviéticos libertaram o campo de Auschwitz.
A esta distância do holocausto, muito mais que imagens, restam-nos os relatos dos que sobreviveram à solução final.
Aqueles que um dia foram despojados do ser, e transformados em número.
Simone Veil, antiga presidente do Parlamento Europeu, continua com o número 78651 no braço.

"Amadureci de repente. Sei agora que estamos todos em lista de espera para a morte. Sei que vou passar nas inspecções, com o medo na barriga, beliscando as bochechas para elas ficarem vermelhas e com melhor aspecto. E sei que os mais fracos vão ser enviados para as câmaras de gás"
Ida Grinspan, sobrevivente francesa, deportada para Auschwitz a 30 de Janeiro de 1944 quando tinha 14 anos.

Entre judeus, ciganos, homosexuais, e presos políticos, morreram 6 milhões de pessoas. Seres humanos tratados como raça inferiror.

Não há muito que se possa dizer. Quando depois de estudadas todas as teorias, se continua sem compreender o terceiro Reich.

O holocausto serve para se olhar para o futuro e dizer nunca mais. Mas, não é isso que têm acontecido. A criação da ONU, e um novo direito internacional contra a barbárie e o genocídio, não impediram situações idênticas. Como o Rwanda ou o Cambodja, por exemplo.

Quando eu era pequena, o meu avô (inspirado pela sua costela judia), contou-me como a Alemanha tinha perdido a guerra, e como os campos tinham sido libertados. Explicou-me como ninguém, a alegria partilhada, que todos sentiram com o fim da guerra.
O fim da guerra, leva ao ínicio de uma outra batalha. Pacífica. Pela memória dos que ficaram, e pela memória dos que sobreviveram.
Para que um dia se diga definitivamente: NUNCA MAIS!

sábado, janeiro 29, 2005

Metáforas

Se queres esperar pelo carteiro na volta do correio,
deves aprender a viver numa primavera de mil metáforas inventadas em cada minuto que passa.



J.S.

Primeiros passos

A bébé da J. começa, aos poucos, a tornar-se independente do pai e da mãe.
Já consegue dizer uma data de palavras. Já consegue dar a volta à cama dos pais agarrada. Já tem manha para pedir umas quantas coisas. Já mexe em tudo.
Enfim.... A I. é um animal social. Encanta toda gente com gracinhas, e simpatia.

Ontem a mãe dela contava-me que, sentia saudades do tempo em que ela mamava. Na altura já estava farta, mas agora sente que a filhota está menos dependente dela.
Apesar de ela ainda ser bébé, a J. sente a falta da dependência incondicional que a filha tinha dela.

A bébé começa a dar os primeiros passos, num caminho que ela mesma vai construindo. Sem ter sempre os pais a ampararem-lhe as quedas. Por muito que isso lhes custe.
É a lei da vida!

Um bom objecto de estética...



posted by Carolina

Principalmente se for visto de perto:P


Este post é dedicado a todas as minhas amigas:)

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Doente

Esta blogger encontra se doente.

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Haja o que houver

Há na relação do meu pai e da minha mãe algo incrível. Um sentimento intenso de quem se conhece já há muito. Uma ligação profunda de quem já superou muitas batalhas.
Deve ser o magnifíco sentimento da partilha. Aquele que lhes permite serem eles próprios um com outro. Sem receios.

Quando se preparam para uma batalha, costumam dizer um ao outro: Haja o que houver. Eles não sabem, mas eu oiço.
E fico verdadeiramente feliz, por sentir que ali há amor.

No outro dia, ouvi o pai repetir a frase à minha mãe. Invadi aquele bocadinho. Fiquei a escutá-los do cimo das escadas, com um grande sorriso nos lábios.

Nos dias em que não acredito no amor, penso nestes momentos, e um misto de alegria e esperança invade o meu pequeno coração.

Baby blogs

Aqui há uns tempos comecei a visitar baby blogs (blogs de mamãs ou papás, que escrevem sobre os seu filhotes).
Apaixonei-me completamente pela vida da Rita. Pelas aventuras das três pequeninas. Pela capacidade de organização, que lhe permite de ser mamã de três, empregada, mulher, amiga... Enfim... Pela ternura com que escreve para as filhas.

Fez-me pensar do alto dos meus 21 anos como será um dia...

O sucesso do blog levou a Rita a escrever para a Revista Pais&Filhos:)

domingo, janeiro 23, 2005

Estado de Espírito XVI

(Hoje não há imagens)

The Blower's Daughter

And so it is just like you said it would be
Life goes easy on me most of the time
And so it is the shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

And so it is just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is the colder water
The Blower's Daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to Leave it all behind?
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
my mind... my mind...
'Til I find somebody new

Damien Rice

sábado, janeiro 22, 2005

Um recado para isto:


- De 3,6 em 3,6 segundos alguém morre de fome .

- Situações Graves de Exclusão e Pobreza Ameaçam 68 Concelhos

« Se o homem quiser em breve mais ninguém terá fome.»

Raoul Follereau

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Baú de memórias felizes

Já sei que chegaste nos primeiros lugares ao fim da corrida. Não estava lá, mas contaram-me exactamente como foi.
Enquanto me contavam eu sorria. Sorria, e lembrava-me de ti pequenino.
Nem preciso de fechar os olhos para voltar a sentir, aquele o momento mágico, em que te peguei ao colo pela primeira vez. Tinha a tua idade. No ínicio tive medo de te deixar cair, mas depois já te sentia um bocadinho meu. (Foste o meu primeiro chorão de verdade!)

Agora já és um menino crescido. Já tens paixões. Já começas a pensar que conheces o mundo. Já fazes escolhas.
E, eu já percebi isso. E, fico contente por estares a crescer assim...

No baú das minhas memórias, ocupas o lugar das mais felizes.

Para o A.

Fotos dos meus dias felizes...(II)



posted by Carolina

Estado de Espírito XV


Il Postino
posted by Carolina

Pablo Neruda: When you explain poetry, it becomes banal. Better than any explanation is the experience of feelings that poetry can reveal to a nature open enough to understand it.

Mario Ruoppolo: Poetry doesn't belong to those who write it; it belongs to those who need it.


Às vezes, apetece-me entrar dentro dos filmes. Fazer parte de uma história. Ter um mundo diferente.

Hoje, queria mergulhar em Il postino. Queria pertencer a um mundo de metáforas...

A mãe, a filha, o amor

Anda (mais) amor de mãe à solta na internet...:)

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Ao contrário do mundo

Ultimamente ando ao contrário do mundo. Trabalho de noite, e mesmo quando o sono aperta não consigo dormir. De dia fico mais lenta, e muitas vezes não digo coisa com coisa. Às vezes, quando se dá a passagem do dia para a noite, durmo um bocado. E fico com remorsos porque não consegui ver o que queria na televisão, porque não li, porque não dei atenção...

Os que me procuram durante o dia já perceberam o meu estado de espírito.
Hoje só lhes quero dizer que estou aqui. Vou estar sempre à distância de um telefonema, de um e-mail, de uma visita rápida.
Pronta a emprestar o ombro. (Mesmo que navegue contra a corrente).

Coisas que sabem bem na vida III

Adormecer ao som de Nat King Cole.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

É livre


Zhao Ziyang
posted by Carolina

Morreu ontem o antigo secretário-geral do PCC.
A 19 de Maio de 1988 dirigiu-se aos estudantes na Praça de Tiananmen e pediu-lhes perdão, avisando-os de que a sua revolta seria esmagada.

"Perdão, perdão amigos estudantes..." A frase acompanha, na minha memória, a imagem dos estudantes ensaguentados.

Chegavam ao fim os seus dias de líder. Começava a prisão domiciliária, a que esteve sujeito desde esse dia até ontem.

Em 1987 disse o seguinte: " Quando permitimos alguma democracia, as coisas podem parecer caóticas à superfície. Mas, estes pequenos problemas são normais num quadro democrático. Eles impedem males maiores e na verdade trazem paz e estabilidade a longo prazo."

Agora é livre.

Para todos os que acreditam num mundo melhor.

É verdade?????

Preciso urgentemente de saber se isto é mesmo verdade!!!!!!!!!

terça-feira, janeiro 18, 2005

Cansada

Hoje o dia foi longo.
Amanhã actualizo o blog.

Bandas sonoras

Ultimamente ando numa de bandas sonoras. Agora escrevo-vos a ouvir isto.

e-mails

Gosto muito de receber e-mails. Mas, gosto sobretudo de responder, e manter contacto com quem está desse lado.
Para isso, peço-vos que passem a escrever directamente da vossa conta de e-mail. É que o link no fim da coluna da esquerda só me transmite a mensagem, não o endereço.


Gralhas

Sei que tenho gralhas. Nunca tenho paciência nem tempo para ler os posts. Quanto mais para os corrigir.
Fica prometido: quando tiver dias livres faço as correcções.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

O "engraçado" regime Angolano

A França tem até 15 de Fevereiro para fazer um "gesto significativo" a favor de Pierre Falcone, um negociante de armas amigo do regime angolano perseguido por tráfico de armas pela justiça francesa, ou Luanda priva a companhia petrolífera gaulesa Total de um contrato de 10 mil milhões de dólares, para o dar aos seus concorrentes americanos. Segundo o semanário "Le Nouvel Observateur", que deu esta notícia em exclusivo, o ultimato teria sido proferido pessoalmente pelo Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, que fez do destino de Falcone um verdadeiro "casus belli". Num artigo intitulado "A França entre a espada e a parede", o jornalista Ary Routier revela que, a título de "aviso", Luanda recusou recentemente renovar um contrato de exploração da Total num valor de mil milhões de dólares.

Luz ao fundo do túnel

Mahmoud Abbas (Abu Mazen), ordenou hoje às forças palestinianas que impeçam todos os actos de violência.

Quero acreditar que não é mais do mesmo. E que, finalmente, começamos a ver uma luz ao fundo do túnel...


Finalmente a letra R

A R. está, finalmente, na blogoesfera:)
Com um coração mateiga, e um sorriso que me faz lembrar a cor do céu azul. Presente nos meus dias mais felizes.

Vou ter sempre um cantinho para ti, aqui:)

domingo, janeiro 16, 2005

A fragilidade do Amor...


Melinda and Melinda
posted by Carolina

Como um quadro de Monet



posted by Carolina

Sair para a rua sem medo do frio. Caminhar contra o sol. Parar sempre que apetecer para apreciar a paisagem.

Sentir o lugar por onde se passeia.

Tentar reter na memória cada imagem.

Entrar numa livraria pequenina, encantadora, e comprar um livro por impulso.

Querer que o tempo pare, para que todos os dias sejam assim. Na minha Sintra. Perfeitos.
Como num quadro de Monet.

Piel Canela

QUE SE QUEDE EL INFINITO SIN ESTRELLAS,
O QUE PIERDA EL ANCHO MAR SU INMENSIDAD.
PERO EL NEGRO DE TUS OJOS QUE NO MUERA,
Y EL CANELA DE TU PIEL SE QUE DI IGUAL.
SI PERDIERA EL ARCO IRIS SU BELLAZA,
Y LAS FLORES SU PERFUME Y SU COLOR,
NO SERIA TAN INMENSA MITRISTEZA,
COMO A QUELLA DE QUEDARME SIN TU AMOR;
ME IMPORTAS TU Y TU Y TU Y SOLAMENTE TU Y TU Y TU
ME IMPORTAS TU Y TU Y TU Y NADIE MAS QUE TU.
OJOS NEGROS PIEL CANELA QUE ME LLEGAN A DESESPERAR,
ME IMPORTAS TU Y TU Y TU Y SOLAMENTE TU Y TU Y TU
ME IMPORTAS TU Y TU Y TU Y NADIE MAS QUE TU.


Nat King Cole

sexta-feira, janeiro 14, 2005

:)

Muito obrigada pelos mails. Gostei de os receber.
Está tudo bem comigo. Tenho andado cansada. Só isso.

O blog volta este fim-de-semana à normalidade.





PS: Há novos links a conferir na coluna da esquerda.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

10 meses de pura felicidade...

«Há algo de infinitamente precioso em ter uma filha. A minha, desde o momento em que nasceu, fez-me descobrir reservas de ternura, protecção e força para lutar que não sabia que tinha. Eu queria mudar o mundo de um dia para o outro, torná-lo mais seguro, mais cordato, um lugar melhor para esta mulherzinha em miniatura, este espectáculo de todos os meus sonhos e aspirações, esta extensão de mim mesma.»

Michele Guinness, in Tapestry of voices

Para a J. que abraça há 10 meses a maior das alegrias.

terça-feira, janeiro 11, 2005

Para R. e para C.

A verdadeira amizade é como a fosforescência: nota-se melhor quando tudo ficou às escuras.

Tagore

PS: O post que eu ia por aqui vai seguir por e-mail aos interessados. Há palavras que ficam em silêncio, nas pontes tenho com os outros.



Imaginar

É bom saber que imaginas. Faz-me lembrar os tempos em que eu também imaginava.
Lembraste?
Eu lembro-me. E bem. E digo isto com um sorriso nostálgico nos lábios.

Parece tão distante essa época. No entanto, passou tão pouco tempo.
É incrível o que vivemos entretanto. Tanta coisa.
E acabou por ser tudo tão diferente...

Mas, gosto de te ver imaginar:)

Para A.

Blue

Ando blue.
Estou cansada.

Ultimamente tenho tido coisas de mais para fazer.
A faculade consome praticamente todo o meu tempo. Trabalhos para acabar, outras ainda por começar. As frequências já à porta (e eu sem vontade de as mandar entrar).

Os dias passam. Uns iguais aos outros.

Conto no calendário os dias que faltam para as férias. Num difícil equlíbrio entre a vontade de acabar o ano, e o medo da nova etapa.
Tenho uma vontade imensa de fugir uns dias deste país pequenino.

( A ajudar a tudo isto este fim-de-semana foi o primeiro sem ter as crianças como companhia no sábado. Mas, ainda não quero falar sobre isso.)

Os mais próximos já se queixam do meu pouco tempo. Eu sei que estou em falta. Sei mesmo...

Já perdi a conta às noites mal dormidas.
Às vezes nem presto atenção às conversas.

Vou continuar assim, até que algo fantástico aconteça.

Fim de tarde

A brisa do mar mistura-se com nevoeiro do fim de tarde. O frio refeltece-se no corpo todo, especialmente nas mãos que não estão cobertas pelas luvas.

Tem o Tejo(companheiro de sempre) à frente. Na mesma direcção, mas muito mais ao fundo está um homem sentado. Simplesmente a contemplar o rio.
Um homem passa a correr.
Dois emigrantes tentam em vão vender flores.
Um casal caminha devagar. Nota-se que ainda não deram as mãos.

Ouve-se baixinho Adriana Calcanhoto. O livro vai na página 24.



segunda-feira, janeiro 10, 2005

Como no cinema

Foi graças a um grande ideal, e à ideia de um mundo mais justo que, partimos para terras frias. Independentemente de tudo, e mesmo antes de nos termos um ao outro, tínhamos aquilo em que sempre acreditámos. E continuamos à acreditar.

Partilhámos tantos momentos, antes mesmo de nos termos partilhado. Sabendo intimamente que seria assim para sempre.

E foi já juntos que vimos a revolução. E percebemos que já nada seria igual.
Partimos juntos. De volta a casa. Onde temos o centro do nosso mundo.

A Praga da antiga Chescoslováquia continua na memória. No lugar reservado aos melhores momentos da nossa história a dois.

Aqueles dias serão para sempre nossos.
Como no cinema. Como a melhor cena do filme das nossas vidas.

Praga continuará nossa. Como antigamente.


Para a L. e para o P. que desde pequena me encantaram com as histórias de Praga. E que ainda hoje repito aos meus amigos, como se eu tivesse visto aquela cidade há mais de 15 anos atrás.

Em Praga as histórias de amor têm uma magia especial.

Amor

« Preciso avisar as pessoas que ainda não tiveram a sorte, a sorte de amar e ser amado, que casar por amor é trocar o que temos pelo que queremos, a pessoa a quem tínhamos sem querer, por pura incumbência por aquele que queremos sem ter, pelo desejo de ter, ter, ter.»


Miguel Esteves Cardoso

domingo, janeiro 09, 2005

www.makepovertyhistory.org

In 9 words... TRADE JUSTICE. DROP THE DEBT. MORE AND BETTER AID.

sábado, janeiro 08, 2005

Acordar Tarde

Acorda tarde, como sempre, o sol já nasceu e entra sem timidez pelas persianas mal fechadas.
Avança descalça até à varanda, o chão gelado chega à garganta de onde sai o vapor, que lhe lembra o fumo de longos cigarros. Os aviões cruzam o céu, desenham estradas de luz onde ninguém passa, e ela sonha.
Será que hoje o vou encontrar? Será que também hoje o seu perfume vai entrar na minha mente e confundir os meus sentidos, os meus sentimentos?
Agora já a água corre freneticamente empurrando a espuma para o ralo, a ideia de limpeza está presente, mas ela continua a sentir a alma suja.
Entra no edifício e ouve assobiar. O ritmo cardíaco aumenta, a respiração torna-se ofegante e as faces coram. Aquele assobio, ela conhece-o bem. É ele! O que há-de fazer? Fingir que não o vê? Ou subir as escadas a correr e ir para a casa de banho preparar-se para o encontrar, sem perceber que nestas coisas do amor tudo é improviso, porque deixamos de comandar o nosso corpo e a nossa mente, e numa forma alada dirigimo-nos onde nos leva o coração.
Mais tarde, conta os minutos numa ansiedade asmática, até ao momento de realmente estar com ele. No céu, os pássaros aglomeram-se, e de longe parecem enxames de moscas, não fosse o seu piar e seriam realmente confundidos. Ambos chegaram à hora combinada, ela cinco passos mais atrás, segue-o com o olhar e flutua. O sol aquece o seu coração, que naquele momento parece arder entusiasticamente, e alimentar labaredas que se exteriorizam através do brilho no seu olhar.
Conversam. Ela conversa ainda mais adiando o silêncio que antecede o toque, o toque das mãos dele na sua face, na sua barriga…os seus braços à sua volta e ela treme.
Agora sente a excitação de mil borboletas a esvoaçar no seu interior e ao seu redor. Sorriem…
O sol põe-se e o frio chega. Mas ela não tem medo, pois pelas costas cai-lhe um manto feito de carne humana, que lhe aquece o corpo por causa do sangue que pulsa, e lhe aquece o coração, pelo gesto carinhoso que representa.
Já é tarde, quando estão juntos a noite teima em chegar mais cedo e traz a angústia da despedida. Adiam-na o mais possível… A música soa a silêncio. Olham-se, tocam-se, e com os lábios juntos e já saudosos dizem até amanhã.

ANDREIA DOS SANTOS



(No outro escrevi num post que, gostava de saber articular as palavras de modo a transmitir sentimentos. Era como a Andreia que eu gostava de escrever.)

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Sempre as palavras

É sempre bom saber que a blogoesfera é enriquecida.

Fico verdadeiramente contente, por ter mais um sítio para ler pensamentos especiais.
O nome não podia ser mais sugestivo Palavras que queimam. E que palavras podem queimar mais que essa...

E, sim, que bom que era todos podermos dizê-las.

Vou estar atenta:)


Escrever...

Há entre mim e as pessoas de quem gosto uma ponte importante. Algo que nos liga uns aos outros, e nos torna magnificamente íntimos.
Tenho a chave do pensamentos dos amigos, da família. Eles têm a minha.

Não é para reforçar sentimentos que escrevo aqui. Gosto de reforçá-los pelas atitudes.
Escrevo quando tenho necessidade de imortalizar algo que tenha para lhes dizer. Nem tudo vem para o blog.

Tenho palavras guardadas em silêncio.

Vou continuar a escrever para as pessoas importantes. Com a dignidade que elas merecem.

Vamos continuar assim. Por muito que nos tentem arrombar as fechaduras.

Ausência Presente

Estava a ver o álbum. Parece que foi ontem, no entanto, houve tanta coisa que mudou nas nossas vidas...


Tens razão. Também quero sentir menos saudades tuas. Também gostava que as distâncias se encurtassem, e que o tempo se multiplicasse.
Mas é aí que reside a chave da amizade. Na ausência. No saber que se pode contar com alguém, mesmo que esteja longe.

E a verdade é que estamos lá. Sempre. Uma para outra.

Os nossos caminhos acabam sempre por se cruzar.

Os nossos momentos serão sempre só nossos.

Para A.

Estado de Espírito XIII

«Alguns pensam que para se ser amigo basta querê-lo, como se para se estar são bastasse desejar a saúde...»

Aristóteles





Para os meus AMIGOS.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Ter Medo

medo
do Lat. metu
s. m.,
terror;
receio;
susto;

loc. adv.,
a —: com receio.


Às vezes tenho medo...

A piada do ano

A escritora Margarida Rebelo Pinto foi convidada por Santana Lopes para integrar a lista do partido às eleições legislativas pelo distrito do Porto, em lugar elegível. Mas recusou, segundo confirmou ao DN a autora de Não Há Coincidências.

De sorriso nos lábios...

Sabe mesmo bem chegar a casa, depois de um dia complicado, e reconfortar-me na blogoesfera! Deixa-me com um grande sorriso nos lábios.


Sabe bem ter-vos por perto

Queria fazer um post bonito.
Gostava de saber articular as palavras, de maneira a que elas formassem frases capazes de transmitir sentimentos. Não sei fazê-lo.

Fico-me pelas minhas palavras simples. As tais que são ditas em silêncio...

Gosto de nós.
Gosto mesmo de nós!
Gosto de vos ter a vocês. Gosto de nos termos umas às outras. Ali. Sempre.
Gosto dos risos. Das conversas. Da companhia.

Sinto-me mais segura com a vossa presença.

São os nossos momentos que ecoam nos meus dias tristes. Sei sempre a sorte que tenho por vos ter.

Vocês fazem parte das memórias dos meus dias mais felizes.
Queria que fosse sempre assim. Mas, vai ser sempre assim...

Sabe bem ter-vos por perto!

Sabe bem saber que vos terei sempre por perto...


Para C. e R.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Ilusointimidade

Li num blog, entretanto encerrado e editado em livro, que a leitura dos blogs dá-nos a ilusointimidade. A ilusão da intimidade.
A sensação de conhecermos alguém intimamente.

Faz parte da minha rotina diária ler vários blogs.
Gosto de trocar e-mails e falar no msn com bloggers e leitores desta janelinha.

Com o tempo acho que começo a conhecer as pessoas. Começo a conhecer-lhes os gostos, os estados de espírito, as opiniões sobre tanta coisa... enfim...

Será isso intimidade? Não. A distância da internet não o permite.

Mas, confesso que tem piada. Ler alguém.

Às vezes estou em sítios onde vocês também estão. E fico a pensar, aqui está alguém que eu leio.
E gosto disso. Ler alguém sem nunca lhe ver a cara. Deve ser aí que reside o encanto dos blogs.

A parte complicada vem quando nos começam a ver a cara. Quando o nome que assina os posts ganha um rosto. E é aí que fico verdadeiramente envergonhada.

Mas, não. Este blog não me mostra toda. Há coisas que só perto são possíveis ver.





Noites de Insónias

Não são raras as minhas noites de insónias.
Normalmente faço uma incursão pelas séries televisivas. Histórias do século passado, onde o argumento se resume a cinco linhas.

Numa das primeiras noites do ano, durante o meu zapping viciante, paro numa reportagem-documentário sobre as prisões indianas.
Estava simplesmente a passar por lá. Não tinha vontade de ficar. Estou atenta ao que se passa no 3º Mundo, mas nem sempre tenho a coragem de ver.

Acabei por ficar.

Mostrava um dia de sol. Um jardim onde um pai ia abraçar a filha depois de dois anos sem se verem.
Por uma qualquer não razão a família estava toda presa.

A filha mais nova tinha ficado com a mãe no lado feminino. No reencontro com o pai e com o irmão mais velho, havia alguém com ar superior, que dizia que a menina tinha de ir para a escola. Os pais não queriam. Achavam-na muito nova.

Fiquei irritada com a atitude. Não compreendi o egoísmo dos pais.

Numa segunda conversa, a pessoa de ar superior, falava a sós com a mãe sobre a ida da filha para a escola. Perguntava-lhe num tom arrogante porque não queria que a filha fosse para a escola.

A mulher levou as mãos à cara e chorou. Num gesto incrivelmente simples e doloroso (que nunca conseguirei descrever aqui), respondeu que não queria que fosse porque ia ter saudades. Sabia que longe não a ia conseguir proteger.
Foi a primeira vez, que a vi como mãe.

O ar envergonhado com que respondeu fez-me compreender o medo que revelava nas palavras. Isso comoveu-me.

São estas as "imagens" que me movem para procurar um lugar melhor do que este em que nos encontramos agora.

Pequenas coisas

Gosto das "pequenas coisas" da vida. Dos detalhes. Dos gestos.

Quando recebo isso fico feliz. Verdadeiramente.

Hoje foi um desses dias.

Uma amiga escreveu-me algo muito bonito. Muito bonito mesmo.

Fiquei feliz!

Obrigada!

Estado de Espírito XII



posted by Carolina
Dance Me to the End of Love

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic 'til
I'm gathered safely in
Lift me like an olive branch and be my homeward dove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Oh let me see your beauty when the witnesses are gone
Let me feel you moving like they do in Babylon
Show me slowly what
I only know the limits of
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the wedding now,
dance me on and on
Dance me very tenderly and dance me very long
We're both of us beneath our love,
we're both of us above
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the children who are asking to be born
Dance me through the curtains that our kisses have outworn
Raise a tent of shelter now, though every thread is torn
Dance me to the end of love

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic till
I'm gathered safely in
Touch me with your naked hand or touch me with your glove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Leonard Cohen

domingo, janeiro 02, 2005

J.

Ainda em lembro do que senti naquele momento.

Guardo na minha memória a imagem do nosso reencontro. Subimos as escadas quase a correr, ansisosas por ter ver num novo papel. Quando chegámos à porta tivemos medo de entrar. Não sabíamos se podíamos. Lá no fundo não tínhamos certeza do que íamos encontrar.
Tomámos coragem e entrámos. À medida que passávamos pelo corredor, espreitávamos todas as portas para ver onde estavas. (não te víamos e isso deixáva-nos ainda mais ansiosas)
Mas, era por detrás da última porta que estavas. Chegámos lá por instinto.
O coração ficou a bater mais depressa. Pensámos o mesmo. Em silêncio.

Eu fiquei mais atrás. A A. entrou viu-te, e entrou primeiro. Eu continuei atrás. Parada. Quieta. Com o pensamento a ser visitado por memórias felizes, de dias não tão distantes.
Do canto onde estava, via a A., via-te a ti. Lembrava-me de nós todas. E pensava como é que viemos parar aqui?
Aquele era o ponto de não retorno das personagens das nossas vidas. Distante, porém, das histórias que escrevemos um dia.

Ficou claro para mim, o caminho que tínhamos traçado. Até pelas ausências.

Tenho saudades. Gostava de estar mais perto.

No meio da escuridão, durante a noite de passagem do ano, foi esta a minha primeira imagem no Ano de 2005.



Para A. J. D. A.